quinta-feira, 22 de julho de 2010

Colecionador de pedras - 20 anos de poesia

.
.
O LIVRO ESTÁ DISPONÍVEL NAS LIVRARIAS DO PAÍS,
MAS SE PREFERIR, TEM TAMBÉM NA MINHA MOCHILA
É SÓ PEDIR.
.

Os Miseráveis
.
Vítor nasceu
No Jardim das Margaridas.
Erva daninha
Nunca teve primavera.
Cresceu sem pai
Sem mãe
Sem norte
Sem seta.
Pés no chão
Nunca teve bicicleta.
Hugo não nasceu, estreou
Pele branquinha
Nunca teve inverno.
Tinha pai
Tinha mãe
Caderno
E fada madrinha.
Vítor virou ladrão
Hugo salafrário
Um roubava pro pão
O outro pra reforçar o salário.
Um usava capuz
O outro, gravata.
Um roubava na luz
O outro, em noite de serenata.
Um vivia de cativeiro
O outro, de negócio
Um não tinha amigo, parceiro
O outro, tinha sócio.
Retrato falado
Vítor tinha a cara na notícia,
Enquanto Hugo
Fazia pose pra revista.
O da pólvora
Apodrece penitente.
O da caneta
Enriquece impunemente.
A um só resta virar crente
O outro, é candidato a presidente.
.
.
Sérgio Vaz
.
.
*extraído do livro Colecionador de pedras

2 comentários:

  1. Mto bom o texto!!!
    o blog está de parabéns!!!
    Ouvi durante o show do teatro mágico, emocionante!!
    Visitem meu blog!
    Abs
    http://venancios.wordpress.com/

    ResponderExcluir
  2. Muito bom, cara. As duas faces do Brasil. Ao povo resta a leitura, de Victor Hugo, por exemplo, para livrar-se desses dois destinos. Abraços.

    ResponderExcluir