sexta-feira, 29 de junho de 2012

OS DIAS QUE NÃO DOEM - SERGIO VAZ






OS DIAS QUE NÃO DOEM - SÉRGIO VAZ.

Não há mais como nomear as quartas-feiras no Sarau da Cooperifa, nem contá-las em versos ou prosa, por exemplo: a noite de ontem foi simplesmente inenarrável. Mágica. Sem truques.
Uma daquelas noites em que a gente se lembra o porque de estarmos vivos, que é para celebrar a vida com tudo a que temos direto: riso e dor. Só que desta vez mais riso do que dor.
A Lua sabe do que estou dizendo, ela estava lá, cheia, em silêncio por respeito aos poetas, para que fluísse a poesia.
Ela viu tudo, e desta vez fomos nós, a comunidade, que fomos a sua fonte de inspiração, e tenho certeza que foi por nós que ela brilhava, para que a gente não se perdesse do caminho.
Parece que todos haviam recebido um comunicado, o mesmo recado, e vinham de todos os lugares, dos becos, das favelas, do centro, do lado de dentro, do lado de fora, foi impossível contá-los sem abraça-los.
Traziam na garganta um grito entalado que vinha das galés do império romano e dos porões dos navios negreiros singrados da velha mãe África, e todos vinham carregados de feridas ainda expostas no peito nu, mas não havia lágrimas, apenas o clamor por liberdade. Liberdade! Liberdade! Liberdade! (Ô Povo lindo, ô povo inteligente!)
O Sarau da Cooperifa ficou pequeno para tantas vozes, que se juntavam a outras vozes, era como se ouvíssemos o Poeta João Cabral de melo Neto recitando, depois da dona Edite, "um galo sozinho não tece uma manhã: ele precisará sempre de outros galos."
E cada um que recitava sua poesia era como se lançasse um grito, para que se juntasse a outros gritos, na intenção que todos esses gritos acordasse a humanidade. Você ouviu?
Eram muitos os que gritavam, homens simples, mulheres dignas, uma gente a quem o capital insiste em escravizar, mas um povo que não admite ser escravizado. Por isso o conflito, e não tem nada a ver com poesia de prateleira de biblioteca. Tem a ver com a palavra da rua, é boca sem dente e descamisada. Órfã de pai e mãe. Sem certidão de nascimento, muito menos carteira profissional. É letra que corre sim pelas calçadas de chinelo de dedos, mas só que não tem varizes nem frieiras, e não deixa pegadas.
A Palavra livre nos torna livre. Livres, entendeu?
Por aqui, agora, só apanha na cara quem quer. Lá, no sarau, escolhemos não dar a outra face, aliás, face nenhuma: bateu levou!
Um dia um intelectual disse que éramos exóticos, só porque pegávamos ônibus lotado e gostávamos de poesia: “Como pode esses ornitorrincos gostar de literatura?" - ironizou o homem da academia, levantando os halteres das letras para que outros dos seus também exeRcitassem a arrogância. Nesse caso, os sábios cantam como sabiás, mas dançam como caranguejos - nada contra os caranguejos.
Mas quem foi que disse que a gente gosta de literatura?
A gente gosta de Mané Garrincha, o bailarino das pernas tortas. De Cartola, Adoniran, Dolores, Sabotage. A Gente gosta de roda de samba em cima da laje. De beijo na boca. De futebol de várzea. De boa educação. De casa pra morar. De trabalhar. De empinar pipa. De boteco. De cerveja gelada. De festa na quebrada. E de uma "pá" que não dá para escrever aqui.
A gente gosta de rir, chora, mas a gente gosta mesmo é de sorrir, mas aí vem alguém e diz que "não pode", então a gente escreve sobre essas coisas, dos dias que doem e os dias que não.
A Gente é casca de ferida que gosta de rir e chorar no papel, só isso. Não é literatura, é a vida.
É a vida o que realmente nos interessa.

*do livro "Literatura, pão e poesia" Global Editora

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O ZÉ BATIDÃO É A LA BOMBONEIRA DA POESIA


foto: viviane de paula
Banda Veja Luz

Povo lindo, povo inteligente,

desculpe-me pelo atraso da postagem, mas eu que sou um Vida-Besta estou tendo dias de Vida-Loka, a correria não para.
Em São Paulo um friozinho, final de libertadores, e Sarau da Cooperifa mandando bala na poesia.
Não tem jeito, o povo vem mesmo. Mais de 50 poetas. Silêncio, poesia, poesia e poesia.
Lançamento do cd da Banda veja Luz, meu aniversário, da Carolina Peixoto e do Casulo, o Jairo anunciou que vai ser pai, o clima para ir fazer o Sarau da Cooperifa não podia estar melhor, lançamento das camisetas da Cooperifa, vixe!, parecia festa.
A Kelly do Versão e a Luz Ribeiro nos emocionaram quando leram seus poemas em lágrimas. Emocionante!
O Zé Batidão é a nossa La Bomboneira da poesia.
É isso. Quarta-feira tem mais.

Sergio Vaz


















CINEMA NA LAJE EXIBE O FILME "fEBRE DO RATO" NESTA SEGUNDA-FEIRA






Cinema na laje é um espaço criado pela COOPERIFA e que acontece quinzenalmente às segundas-feiras para exibições de documentários e filmes alternativos de todas as partes do Brasil e do mundo, exibidos gratuitamente para a comunidade. Também criado principalmente para dar luz ao cinema produzido pelos jovensda região, e levar cidadania através da sétima arte.O cinema Paradiso da periferia também conta com um lanterninha vestido a caráter para dar um charme especial no projeto.


A Entrada é franca. A Pipoca é grátis. E a lua sincera.




CINEMA NA LAJE APRESENTA:


FEBRE DO RATO, um filme de Claudio Assis 


*Após o filme bate-papo com o roteirista Hilton Lacerda e com a atriz Tânia Granussi.


Dia 2 julho segunda 20hs


“Febre do rato” é uma expressão popular típica do Nordeste brasileiro, que significa “aquele que está fora de controle”. É assim que Zizo, poeta inconformado e anarquista do Recife, denomina seu tablóide, publicado às próprias custas. Ele vive entre seus brados pela cidade, a boemia com os amigos e os prazeres do sexo com as amantes. 
Às voltas com seu universo particular, Zizo um dia se depara com Eneida, consciência contemporânea e periférica. Mergulhado na paixão por essa nova musa, todas as suas convicções parecem ruir.




*não recomendado para menores de 16 anos
.
Laje do Zé Batidão
Rua Bartolomeu dos Santos, 797
Periferia-SP
Inf. 93428687 - 65995499

HOJE É DIA DE PANELAFRO







quinta-feira, 28 de junho de 2012


O amor de todo dia


Uma mulher de verdade é difícil de impressionar
elas são fortes quando se fingem de frágeis
são livres quando nos querem presos
e são cruéis quando querem nos abandonar.
Um homem sem nada, é quase,
abandonado ele não é nada.

Não há regra para o amor,
muitas vezes desregrar é o melhor a fazer.

Engraçado que o amor
não amadurece com o tempo,
ninguém aprende ou ensina a amar,
ama-se, ou não.

Rugas e espinhas sofrem do mesmo tamanho.

Se queres o amor de uma mulher,
ainda que por alguns momentos,
retenha nos seus braços apenas o tempo de amá-la,
há as que se aninham, e as que gostam de voar,
com os braços livres poderá distingui-las.

Beije-a como se a amasse ( se caso não a ame),
tenha sempre uma palavra sincera, mas não diga com a boca,
diga com a pele. Elas escutam melhor quando os pelos eriçam.

Ofereça rosas, mas com espinhos duros. Bem duros.
Dias de invernos costumam dar ótimas primaveras.
De mais a mais,
tocá-la no claro como se fosse cego
e saiba chegar como se despedir,
e ter muita ivaginação.
Ivaginar.
Sim, ivaginar.


sergio vaz

quarta-feira, 27 de junho de 2012

A Cooperifa exibe o filme FEBRE DO RATO nesta segunda-feira







Cinema na laje é um espaço criado pela COOPERIFA e que acontece quinzenalmente às segundas-feiras para exibições de documentários e filmes alternativos de todas as partes do Brasil e do mundo, exibidos gratuitamente para a comunidade. Também criado principalmente para dar luz ao cinema produzido pelos jovensda região, e levar cidadania através da sétima arte.O cinema Paradiso da periferia também conta com um lanterninha vestido a caráter para dar um charme especial no projeto.

A Entrada é franca. A Pipoca é grátis. E a lua sincera.


CINEMA NA LAJE APRESENTA:

FEBRE DO RATO, um filme de Claudio Assis 

*Após o filme bate-papo com o roteirista Hilton Lacerda e com o ator Irandhir Santos.

Dia 2 julho segunda 20hs

“Febre do rato” é uma expressão popular típica do Nordeste brasileiro, que significa “aquele que está fora de controle”. É assim que Zizo, poeta inconformado e anarquista do Recife, denomina seu tablóide, publicado às próprias custas. Ele vive entre seus brados pela cidade, a boemia com os amigos e os prazeres do sexo com as amantes. 
Às voltas com seu universo particular, Zizo um dia se depara com Eneida, consciência contemporânea e periférica. Mergulhado na paixão por essa nova musa, todas as suas convicções parecem ruir.


Após o filme bate-papo com o roteirista Hilton Lacerda e com o ator Irandhir Santos.
.
Laje do Zé Batidão
Rua Bartolomeu dos Santos, 797
Periferia-SP
Inf. 93428687

HOJE É DIA DE SARAU DA COOPERIFA


LANÇAMENTO DO CD DA BANDA VEJA LUZ


SARAU DA COOPERIFA - ANO XI

APRESENTA;

Lançamento do cd da Banda Veja Luz
Noite de autógrafos

Dia  27 junho  quarta-feira  20hs45

Bar do Zé Batidão
Rua Bartolomeu dos Santos, 797  Jd. Guarujá
Periferia - SP



segunda-feira, 25 de junho de 2012

CRÔNICA DE ANIVERSÁRIO (terça-feira, 17520 dias de vida)





Amigos dão sorte - Sergio Vaz 


São só 17.520 dias, parece pouco, porém de onde venho chegar nesses números são muito importantes. Nada a ver com numerologia, mas com sobrevivência. Nasci contra a vontade dos astros no vale do Jequitinhonha, norte de Minas Gerais, o lugar mais pobre do mundo. Dois irmãos não tiveram a mesma sorte. Minha mãe era negra, meu pai continua branco.
De forma irônica, a parteira que ajudou minha mãe a dar a luz tinha um olho só, mas com espírito iluminado, disse que eu era um bitelão. Era um vinte seis de junho de mil novecentos e sessenta e quatro, inverno no sudeste, as vinte e uma horas e trinta minutos, do signo de câncer. Um dia como outro qualquer, tanto é, que às vezes, até eu esqueço.
Cresci sem bolo, sem vela de aniversário, sem pedidos, sem brinquedos e sem desmerecer ninguém, durante muito tempo o travesseiro foi meu melhor amigo. Ele era triste também. Aprendi a dizer a verdade com ele. Mentir é coisa minha.
Sem sono passei muitas noites tentando enganar carneirinhos. Contava de dois em dois.
Dormir doía, assim como a vida.
Demorei pra gostar de viver e tinha uma tristeza que me visitava até mesmo nos dias de alegria. Por conta disso, aprendi a sorrir com economia. Quando dei por mim, por conta do desuso, alguns dentes me abandonaram. Deixava pra rir aos domingos.
Não tinha nem oito anos vi um homem morto caído nas garrafas dentro de um bar. Ele tinha um buraco na testa. Durante muito tempo achei que os fantasmas que me adotaram saíam dali. Daquele buraco. Não senti pena. Nem medo. Nem inveja.
Achei esquisito como a morte se apresentou pra mim, assim, dessa forma tão violenta. Tão estúpida.
Como naquela época morria muita gente assim, com buracos no corpo, acharam por bem fazer um cemitério onde meu time jogava bola. Se já não bastassem os meus fantasmas...
Quando o asfalto chegou tatuando as ladeiras, descia de carrinho de rolimã rindo como se fosse feliz, como se fosse outro. Não sei por que, mas o carinho do vento deixava a gente besta.
Tinha um amigo que morava num barraco de madeira que ria também. Uma vez, eu e ele, fizemos um carrinho com pedaços da sala da mãe dele.
Um dia, cansado de bolinha de gude e empinar pipa em dias sem vento, a maça do amor lambeu meu coração. Achei que estava doente. Tão desacostumado com a alegria, chorei de felicidade. Eram lágrimas doces. Não é coisa de poeta, eram doces mesmo. Meu travesseiro chorou também. Foi a primeira vez que a vida me sorriu.
Não lembro mais do rosto dela. Ela tinha todos os dentes, mas era eu quem ria pelos dois. 
Como ria naquela época.
Nesse tempo em que achava que era feliz comecei a trabalhar todos os dias: Sábados, domingos e feriados.
Anestesiado pelo amor não percebi a tristeza fazendo sombra no meu sol. Quando ele se foi, o amor, trabalhar me ensinou o valor da liberdade. Sem saber onde era Palmares fiquei ali por doze anos.
Então, passei a amar com mais frequência, para esquecer a labuta. Por solidariedade alguns amigos iam brincar comigo enquanto no trabalhava. Na senzala, Nelson Mandela começou a fazer sentido pra mim. Zumbi também.
Ainda por cima servi o exército, então não era uma, mas sim, duas senzalas. Um escravo para duas senzalas. Meu irmão fugiu. A escrava Isaura levava uma vida bem melhor que a minha. Ainda por cima ela não tinha que estudar. Era branca. E novela, por mais longa que seja, tem hora pra acabar. Pra mim todo bar tem um pouco de navio negreiro.
Lia os livros como quem foge das galés. Cada remada, um livro. Cada livro um continente. Gabriel Garcia Márquez me ensinou a não ter medo de oceanos. Neruda, a amar e despedir. Clarice, atalhos para o coração. Quintana, a ser moleque. Gullar, a sujar o poema.
Lendo Victor Hugo descobri que já não era escravo de ninguém. De nada. Só de mim mesmo.
Cansado da banda de Chico, "fim de semana no Parque Santo Antônio" dos Racionais me pegou à toa na vida. 
Analfabeto, escrevi alguns poemas que viraram livros. No lançamento fiz frango frito com salada de maionese. Isso já faz vinte anos. Ou, sete mil seiscentos e quarenta e cinco dias.
Por gostar das coisas certas, quase sempre fiz tudo errado.
Ser simpático me deixava bonito, mas foi a antipatia que me trouxe beleza.
Numa fábrica sobre ruínas ajudei a construir um sonho que tinha, sem saber que tinha. 
Logo em seguida, o sarau, que ensinou outras pessoas a gostarem de poesia, na periferia paulistana. 
Tem gente que voltou a estudar só para aprender a escrever poemas. 
Foi no sarau que conheci o seu Lourival, Dinho Love e Dona Edite. E mais um bando de gente sem noção da realidade. Gente que sonha enquanto faz. Um povo lindo e inteligente.
Voltei a sorrir no lugar que me fazia chorar. Outro dia soltamos mais de quinhentas bixigas no ar, todas com poesia. 
Aprendi a joelhar e pedir perdão.
Tem dias que o sarau tem mais de duzentas pessoas ouvindo e falando poesia. Outras pessoas também escreveram livros na quebrada. Tem gente que não gosta de mim por causa disso. Outras já gostam. Vai entender. 
Engraçado, de tanto sofrer acabei fazendo outras pessoas felizes.
Uma vez uma estava sorrindo distraidamente e uma pessoa me perguntou por que, naquele tempo não sabia, agora eu sei. O amor me deu uma mulher e uma filha. Família me deixa feliz. A felicidade tem dívidas comigo, por isso não faz mais do que a obrigação me manter alegre e satisfeito. 
Mesmo feliz estou sempre revoltado.
Michael Jackson faz um ano que morreu. Gostava mais dele quando era preto. Lá pelos anos setenta, quando eu era triste também. Sabia dançar, agora... 
Perdi alguns amigos que não sabiam que gostava deles. Devia dito quando eles estavam vivos.
Não acredito em vida após a morte. Gosto de risco de desaparecer.
Está a maior garoa lá fora. Faz frio também. Dias de frio são bons para remoer lembranças.
Meu aniversário cai sempre na época de frio. Por isso careço de abraços. E de fogueiras.
Não sei quem me disse que estou ficando velho, desconfio que seja o contrário. 
Apesar dos cabelos que começam a embranquecer estou aprendendo a ser jovem, mas quando corro não da pra disfarçar que passei dos quarenta.
Sabia que de vez em quando eu fico rindo sem saber por quê? Deve ser riso represado. 
Rir é da hora. 
E o destino não é confiável. 
Gosto de rir com amigos. 
Falando em amigos... Tenho alguns. Inimigos também.
Amigos são pessoas que a gente escolhe pra sorrir com a gente. Pode até chorar, mas tem que rir também.
Descobri com o passar dos dias que amigos dão sorte. Mesmo os azarados.Queria agradecê-los. Como eu disse, são 17529 dias. 

Sozinho ia não ia ter a menor graça.


*do livro "Literatura, pão e poesia" Global Editora 

SARAU DA COOPERIFA E APAFUNK NA FAVELA DA ROCINHA


FALTAM 12 DIAS


COOPERIFA E APAFUNK APRESENTAM

CONEXÃO FAVELA

Sarau da Cooperifa na favela da Rocinha - RJ

Dia 7 de julho  16hs

O Sarau da COOPERIFA, um dos movimentos culturais mais importantes do país vai sair num ônibus fretado com poetas para um encontro histórico com outro importante movimento cultural, a APAFUNK (Assosciação de profissionais amigos do Funk) para um grande roda de Funk e um grande Sarau de poesia.

Local: Via Ápia
Favela da Rocinha
Rio de Janeiro - RJ

Infs. 011.93428687 / 65995499

APOIO: ITAU CULTURAL


domingo, 24 de junho de 2012

DITADURA NUNCA MAIS

Paraguai livre!




Ditadura no país dos outros todo mundo é contra,
mas no Brasil basta exigir qualquer direito que o cassetete come.
Democracia, sei...

sergio vaz


MANDA VEJA LUZ LANÇA CD NESTE TERÇA-FEIRA




clique no Cartaz

Quarta-feira tem noite de autógrafos no sarau da Cooperifa





ALESSANDRO BUZO LANÇA LIVRO



clique no cartaz



O SARAU DA COOPERIFA NÃO PARA

LITERATURA PERIFÉRICA 

VEIA E VENTANIA

Família Cooperifa

Povo lindo, povo inteligente,

o Sarau da Cooperifa não  para, neste sábado participamos do projeto "Literatura periférica - Veia e Ventania" promovido pela coordenadoria de Biblioteca de São Paulo, lá na Biblioteca Paulo Duarte, no Jabaquara, Zona Sul paulistana.
Como sempre, a poesia foi a grande estrela.
Agradecimentos à coordenadoria pelo projeto, a Betânia e os funcionários da biblioteca que sempre nos preparam um ótima recepção. Aos amigos que não fazem poesia, mas que acompanham o bonde, aos presentes, a todos em fim.
Em julho tem mais.
É isso. Poesia na veia.

Sergio Vaz





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TEXTO INÉDITO - ANTES QUE SEJA TARDE



ANTES QUE SEJA TARDE - SERGIO VAZ

Se não fosse tão covarde acho que o mundo seria um lugar melhor pra viver. 
Não que o mundo dependa só de mim para ser melhor, mas se o medo não fosse constante ajudaria as milhares de pessoas que agem pelo mundo como centelhas tentando criar uma labareda que incendiasse de entusiasmo a humanidade. Mas o que vejo refletido no espelho é um homem abatido diante das atrocidades que afetam as pessoas menos favorecidas.
Porque se tivesse coragem não aceitaria as crianças passarem fome, frio e abandono nas calçadas, essas que parecem fantasmas, nos assustam nos semáforos com armas na mão, nos pedem esmolas amontoadas em escolas que não ensinam, e por mais que elas chorem, somos imunes a essas lágrimas.
Você acha que se realmente tivesse coragem aceitaria uma pessoa subjugar a outra apenas pela cor da sua pele? Do seu cabelo? Um poema é quase nada disso tudo.
Sou um covarde diante da violência contra a mulher, da violência do homem contra o homem que só no Brasil são 50000 deles  arrancados à bala do nosso pacífico planeta. Que dizer da violência contra os homossexuais que são apedrejados nas calçadas das avenida elegantes?
E se tivesse mais fé na minha humanidade de maneira alguma aceitaria que um Deus fosse melhor que o outro, mas sou tão covarde que nem religião  tenho, e minhas mãos que não rezam, já que estão abertas, poderiam ajudar a construir um templo onde caberiam todas elas, mas eu que não tenho fé nem em mim mesmo sou incapaz de produzir esse milagre. De repartir o pão.
E porque os índios estão tão longe da minha aldeia e suas flechas não atingem meus olhos nem meu coração, não me importo que lhe tirem suas terras, sua alma, seus rios, e analfabeto de solidariedade não sei ler sinais de fumaça, eles fazendo guerra eu fumando o cachimbo da paz. Se tivesse um nome indígena seria cachorro medroso.
Se fosse o tal ser humano forte que alardeio por aí, não concordaria em aceitar famílias inteiras sem onde morar, vagando em busca de terra, ou morando em barracos de madeiras indignas pendurada nos morros, ou na beira de córregos. Não nasci na favela, mas ,eu coração é de madeira, fraco.
A lei condena um homem comum que rouba outro homem comum e o enterra na masmorra moderna, mas nada faz contra aquele político corruto que rouba milhares de pessoas apenas com uma caneta, ou duas, e que de quatro em quatro anos a gente aperta-lhes a mão, quando na verdade devíamos cuspir-lhes na cara. E eu como um juiz sem martelo não faço nada além de condená-lo ao meu não voto. É pouco, já que sei onde eles se entocam. A lei é cega, mas acho que lhe fizeram transplante de órgãos numa dessas votações secretas.
Assisto a falência da educação e o massacre contra os professores e sei que muitas vezes o resultado de ensino de qualidade mínima é presídio de segurança máxima, fico em silêncio quando a multidão desinformada pede redução da maioridade penal, porém, mal ela sabe que se não educarmos nossas crianças vão ter que prendê-las com 16 anos, depois 14, depois 12, depois, não teremos mais crianças nas ruas. E elas, as ruas, serão tão seguras que a gente vai sentir falta das crianças. Época em que os brinquedos serão visitados nos museus.
Estão cortando as árvores, cortand as árvore, cortan a árvore, cort árv, co á... madeiraaaaa! E aceito a cara-de-pau dos donos das serras elétricas e sei que o machado está nas minhas mãos. Depois fico abraçando o lago poluído quando na verdade deveria estar mergulhado nele, assim como os peixes mortos.
Pagos os meus impostos e sei que eles não fazem nada com eles, ainda assim faço propaganda da minha consciência tranquila. Desconfio que é essa tal consciência tranquila que está acabando com o mundo.
Calado assisto a falsa democracia deste país  ilegal, sem alvará de funcionamento e sem licença pra ser pátria, e me emociono com o hino nacional cantado antes do jogo da seleção canarinho.
Perdoe-me por apenas ser poeta, e ter apenas poemas como arma, ainda que ninguém me diga, sei que isso é muito pouco, quase nada. O sangue que pulsa na veia tinha que estar nos olhos.
O Mundo gosta das pessoas neutras, mas só respeita as que tem atitude. Se não posso mudar o mundo deveria a mudar a mim mesmo.
Acho que é isso que vou fazer agora.
Antes que seja tarde.













sexta-feira, 22 de junho de 2012

SÁBADO TEM SARAU DA COOPERIFA NA BIBLIOTECA PAULO DUARTE

PROJETO

VEIA E VENTANIA


LITERATURA PERIFÉRICA PROJETO VEIA E VENTANIA

APRESENTA

SARAU DA COOPERIFA

Sábado  23 junho  15hs

Poesia das ruas


Local: Biblioteca Paulo Duarte

Rua Arsênio Tavolieri, 45  Jabaquara
(poento final metrô Jabaquara/ Hospital Sabóia
São Paulo - SP
fone: 50117445
grátis




LUTA




Marcelo Freixo e Frei Beto




MILAGRES ACONTECEM QUANDO A GENTE VAI À LUTA

Sergio Vaz






quinta-feira, 21 de junho de 2012

SARAU DA COOPERIFA, O PIOR SARAU DO MUNDO...


Sarau da Cooperifa 2 X 2 libertadores

foto: viviane de paula
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Povo lindo, povo inteligente,

pode chover, cair o mundo, ter jogo da libertadores, não adianta, o Sarau da Cooperifa está sempre lotado.  Seja de poetas, de calor humano ou de poesia. É com certeza o pior Sarau do Brasil, mas tem uma coisa que a gente não consegue explicar, que é o porque que tanta gente gosta do nosso quilombo.
Ontem foi o lançamento do livro "Manteiga de Cacau" do Sacolinha, tivemos a presença do Binho que bateu um papo sobre tudo que está acontecendo e ainda leu seu manifesto, no final, foi aplaudido de pé. Tamo junto!
Fábio Boca voltou de Paris, Cocão anunciou o novo clipe que vai ser realizado pela produtora NKP do meu amigo Henrique Brandão, o MC Leonardo falou um poema direto da Rocinha-RJ via telefone, Marquinhos da Banda Veja Luz anunciou seu novo CD e convidou a todos para o lançamento. Hum, deixa eu ver... Ah, os poetas, como ontem estava fraco, só tinha 50.
A Cooperifa parece massa de bolo, quanto mais bate, mais ela cresce. rsrsrs.
É isso. Poesia na veia.

Não posso fazer nada.

Sergio Vaz













quarta-feira, 20 de junho de 2012

PROTESTO CONTRA O RACISMO E XENOFOBIA






Protesto contra o racismo e xenofobia ocorrerá dia 21 em SP
Imigrantes africanos e diversos grupos sociais farão ato político após um mês do assassinato de estudante angolana, cobrando pedido de desculpas do Estado Brasileiro



Uma ampla articulação denominada “Mobilização Zulmira Somos Nós" realizará um ato político e inter-religioso em protesto pelo assassinato da jovem angolana Zulmira de Souza Borges Cardoso, morta no Brás – São Paulo, após ofensas racistas e tentativa de chacina contra outros 3 imigrantes africanos.

O ato está marcado para às 16:00h da quinta-feira, dia 21/06,  no Pátio do Colégio, em frente a Secretaria de Justiça – Centro de São Paulo e terá a participação do movimento negro, imigrantes e amigos de Zulmira.


Ao mesmo tempo, paralelo ao protesto, entidades negras, movimentos sociais e associações que atuam com imigrantes no Brasil irão protocolar no Palácio do Planaldo (Casa Civil) uma Representação com Pedido de Providências dirigida a Presidenta Dilma Rousseff, Ministros da Justiça, Promoção da Igualdade Racial, Relações Exteriores e Trabalho/Emprego – por serem estes os Ministérios responsáveis por políticas ligadas a imigrantes e o combate ao racismo.

No documento o grupo requer da Presidenta Dilma um imediato pedido de desculpas para a família dos agredidos e para a comunidade angolana no Brasil. Requer também acompanhamento do caso pelo Ministério da Justiça e Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial/SEPPIR, mudanças na legislação migratória e inclusão no projeto do novo Código Penal de agravante por racismo em todos os crimes comuns.


O crime ocorreu dia 22 de maio. Zulmira comemorava com diversos amigos em um bairro muito frequentado por imigrantes africanos. O agressor teria chamado angolanos de macacos. Houve discussão. Cerca de 20 minutos depois o homem que diria um carro voltou armado e disparou contra o grupo, ferindo 3 angolanos e matando Zulmira.

Outros protestos já ocorreram em vários estados do país. Haverá um ato ecumênico dia 22, às 18h, na Rua Riachuelo, n. 268 – Centro.

O inquérito ainda não foi concluído. O movimento negro e a Comissão de Direitos Humanos da ALESP terão encontro com o Secretário de Segurança Pública de SP para pedir rigor na investigação.






Contato:

Bas´ilele Malomalo – Professor/ IDDAB – 9700-2298

Cleyton W. Borges – Advogado/ CDHIC – 8622-5360

Louise Edimo – Jornalista 8979-5868

Marseu de Carvalho – Comunidade Angolana – 6063-0348

Lúcia Udemezue – Câmara Municipal – 9433-9219

BATE-PAPO EM FRANCISCO MORATO





CULTURA NA/DA PERIFERIA


Bate-papo com o Poeta Sergio Vaz



Dia 21 de junho   quinta-feira  19hs


Local: CIC
Av. Tabatinguera, 45 Centro
Francisco Morato - SP
Fone: 44888524
Grátis