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favela da Rocinha
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favela da Rocinha
Um inferno chamado preconceito - Sérgio Vaz
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Há dias acompanho indignado o inferno astral que atingiu os jogadores Adriano e Wagner Love do Flamengo, e tudo isso está acontecendo porque acredito que exista um outro tipo de inferno, e onde o fogo queima muito mais, o do preconceito.
Infelizmente tudo que leio e ouço na mídia esportiva me levam a crer nisso.
Parecem que alguns jornalistas estão indignados porque jogadores da seleção brasileira, ricos e famosos, frequentem festas na favela, lugar de origem da maioria dos jogadores de futebol deste país, como se todos fosse ali buscar drogas, ou seja, o único motivo para alguém do nível social deles estar ali.
Para se drogar ou encher a cara não é preciso subir o morro, aliás, os problemas do Adriano, se é que ele tem problemas com álcool, começaram na Itália, em Milão, e por se sentir triste ele voltou ao país, para a favela.
Infelizmente tudo que leio e ouço na mídia esportiva me levam a crer nisso.
Parecem que alguns jornalistas estão indignados porque jogadores da seleção brasileira, ricos e famosos, frequentem festas na favela, lugar de origem da maioria dos jogadores de futebol deste país, como se todos fosse ali buscar drogas, ou seja, o único motivo para alguém do nível social deles estar ali.
Para se drogar ou encher a cara não é preciso subir o morro, aliás, os problemas do Adriano, se é que ele tem problemas com álcool, começaram na Itália, em Milão, e por se sentir triste ele voltou ao país, para a favela.
Um lugar em que ele diz que vai para buscar humildade, força e um pouco de paz. Um lugar que ele acredita que estão seus verdadeiros amigos. Um lugar que nem mesmo o dinheiro ou fama fez com que ele esquecesse.
Ou a mídia esportiva acha impossível fazer amigos na favela sem ter que usar o nariz pra se cumprimentar? Ninguém trabalha nesse lugar? Vive todo mundo do tráfico? O que realmente incomoda essas pessoas?
É que eles não deram educação, saúde, segurança, lazer e essa gente favelada insiste em sorrir. Pode ser, mas poucos sabem o que é fazer festa sem sentir alegria.
Tem gente que compra um carro zero KM em 60 prestações e não fala mais com o vizinho, tem gente que entra na faculdade e acha que todo mundo é burro, e só por isso, se já gostava do Adriano como jogador, agora começo admirá-lo também como pessoa. Humildade não é apenas uma palavra, é um sentimento.
Tem gente que compra um carro zero KM em 60 prestações e não fala mais com o vizinho, tem gente que entra na faculdade e acha que todo mundo é burro, e só por isso, se já gostava do Adriano como jogador, agora começo admirá-lo também como pessoa. Humildade não é apenas uma palavra, é um sentimento.
Todo mundo está cansado de saber que na ausência do estado, alguns morros são controlados pelo tráfico e que eles portam armas de grosso calibre para manter ativos seus impérios, e nesse caso, eles, os traficantes, é que são os imperadores. E isso não dá pra levar na esportiva, é assunto para segurança pública, não para jogadores de futebol.
O Wagner Love chega numa festa, o cara que está armado o acompanha, ele faz o quê, enquadra o cara? Chama a polícia? Por menos que isso, com o pé descalibrado, ele foi agredido por dois torcedores no Palmeiras. E aí?
Quem devia ir na favela não não vai, ou só vai de quatro em quatro anos. isso não é crime?
Alguém já ouviu rico chamar a polícia pra prender sonegador de Impostos? Alguém já viu deputado abrir CPI de aliado? Qual jornal ou revista tem coragem de denunciar as falcatruas ou defeitos dos seus candidatos?
A lei do silêncio vale pra todos neste país, tanto para os covardes que se escondem na brecha da lei, como para os que vivem na mira de fuzis.
A lei do silêncio vale pra todos neste país, tanto para os covardes que se escondem na brecha da lei, como para os que vivem na mira de fuzis.
Se não vão ajudar, então que se calem, mas deixem a favela em paz, ela já tem problemas demais.
Outra coisa, ao diabo com todo esse preconceito.
É exatamente isso que me deixa indignada. Eles passam a chamada da matéria como se fosse o MAIOR furo de reportagem da TV brasileira. Quem disse que porque o cara é famoso não pode subir o morro?
ResponderExcluiraaaahh vá...tinha milhares de pessoas lá e ninguém disse nada, agora, porque é o Wagner Love fazem todo este estardalhaço?! Acho que a grande mídia precisa, miutas vezes, de pequenas aulas de jornalismo para entender o funcionamento da vida ...
Belo texto, essa polêmica criada em torno desses jogadores só realça o posicionamento preconceituoso da mídia em geral, porque fora dos blos ou de um ou outro comentarista, ninguém pondera essa questão.
ResponderExcluirDá-lhe Serjão !!!! Beijão. Chester.
ResponderExcluirSalve Sérgio,É isso vc falou td,Sorteee Deus te ilumine sempre........
ResponderExcluirSalve Ségio,é isso vc falou td,Deus te ilumine sempre!!!
ResponderExcluirSalve Ségio,vc falou td,Deus te ilumine sempre!!!
ResponderExcluirPosso dar um pitaco?
ResponderExcluirMas o usuário da droga ilícita que reforça o poder do tráfico não seria o mesmo que sai às ruas em passeata quando um seu amigo ou parente bem nascido é alvejado pela bala perdida que ele próprio, pagador de impostos e homem de bem, contribui para que saia dos potentes calibres dos soldados do morro?
Sociedade do carajo, além de racista e preconceituosa, hipócrita... abraços,
Fabio (Campinas-SP)
Simplesmente perfeito! Tento em vão encontrar palavras para expressar o mesmo sentimento. O que as pessoas ganham com o preconceito estimulado pela mídia? Alguém vai deixar de ser traficante? A situação só tem um viés, e ele é péssimo. Os caras crescem numa favela e por hipocrisia da mídia moralista devem deixar de frequentar os lugares de onde vieram? Absurdo!! Só quem vive numa realidade paralela para julgá-los dessa forma cruel e preconceituosa.
ResponderExcluirPrimeiramente quero dizer (na verdade escrever) que gosto bastante de várias coisas que escreve. Tenho acompanhado sempre seu blog que tem várias dicas interessantes e coisas de qualidade.
ResponderExcluirSobre o "inferno astral" dos jogadores citados, acho que as coisas são bem piores do que vc escreveu.
É muito fácil ir no morro buscar a paz sendo escoltado por 3 fuzis.
A família dele tem paz, encontrou-a na região nobre do Rio. E ele só vai lá quando a paz está "impo$ta", ele prefere evitar os dias de pouca paz do morro.
Será que aqueles que empunham fuzis escoltam todos trabalhadores enquanto voltam p/ casa nos dias de disputa pelo morro?
As crianças que olham os ídolos (heróis bunda-mole) de braços dados com os que vendem a desgraça estão tendo o melhor exemplo?
E as famílias que acabam com as balas perdidas? E as que aguardam a paz debaixo das camas?
É disso que eu to falando.
O time de maior apelo do Brasil tem os 02 principais jogadores envolvidos até o talo com quem está acabando com a beleza do Rio. Eles tão servindo de péssimo exemplo p/ criançada, são hipócritas, só vão no morro tirar uma onda...
Agente não precisa de Adriano, Vagner love....
Agente precisa de Instituto Gol de Letra, Fundação Cafu...
Quando a galera que, como eu, toma tapa da policia no asfalto, fica dias sem ir a escola, sem poder sair de casa, debaixo da cama... perceber que isso acontece por causa dos amigos do nossos ídolos bunda-mole....eles vão perder a escolta armada......
Vc disse que a ausência do estado faz com que o tráfico domine as favelas. É verdade.
Através dos nossos ídolos poderiam entrar idéias novas p/ essa galera, mas eles (os bunda-mole) insistem com a mesmice...
- Alô, é da favela?
- Sim.
- Eu to querendo ir aí, buscar um pouco de paz, humildade..
- Claro, pode vir, vc é nosso cabo-eleitoral...
- Demorô então. Pede pros "seguranças" me encontrarem na entrada do baile. Eu quero ver a humildade, sentir a paz, mas do camarote....
Anônimo,
ResponderExcluiro texto fala sobre preconceito da mídia contra a favela, e se você é de lá, sabe do que estou falando.
Muito entranha a sua observação.será que se eles tivessem num condomínio com maluf e o Arruda numa festa, a repercussão seria a mesma?
Duvido.
tu nunca foi favela, senão saberia do que estou falando, mas mesmo assim obrigado pelo seu comentário crítico, porém respeitoso. discordar faz com que a gente cresça. Valeu.
Sérgio vaz
Vira-lata da literatura
sergio vaz
Temos que lutar para combater o isolamento social a que estão submetidos os moradores das favelas e comunidades carentes, especialmente as crianças,que desde cedo sao vítimas do preconceito...
ResponderExcluirabraços.
Sérgio Vaz, é preciso ter peito de remador, não só para viver um grande amor (como dizia o outro poeta), mas para desconstruir esses muros de opinião pública, cimentados de preconceitos, criados pela midia. Parabéns, grande poeta remador!
ResponderExcluirAbraços,
Marisa
O que dizer de um assunto desses , o que dizer de um país preconceituoso,assistimos indignados as matérias sobre esses dois jogadores,como sempre a mídia sensacionalista cria um carnaval em cima de um fato corriqueiro na favela não fosse os protagonistas,mais quem são esses protagonista ,pessoas que vieram da própria favela que cresceram e fizeram suas amizades,como virar as costas para nosso berço.Acho sinceramente que nosso grande poeta Sérgio Vaz foi feliz no seu comentário,e a alta elite da sociedade e a mídia continua vendo a favela como lugar de ladrões,traficantes e tudo o que não presta,infelismente o preconceito ainda existe .Até quando vamos sentir essa pedra em nosso sapato?
ResponderExcluirSei o que é preconceito de qualquer espécie, tenho todos os requisitos necessários p/ sofrer desse mal, aliás, sofro.
ResponderExcluirSou pobre, negro, da periferia de Guarulhos, não estudo nas melhores universidades, e por aí vai...Mas não é a discussão.
Não concordo que seja defendido um cara que dá presentes p/ traficante e outro que chega num baile na favela escoltado por um dos chefes do tráfico na Rocinha.
"O inferno dos vivos não é algo que será; se existe, é aquele que já está aqui, o inferno no qual vivemos todos os dias, que formamos estando juntos. Existem duas maneiras de não sofrer. A primeira é fácil para a maioria das pessoas: aceitar o inferno e tornar-se parte deste até o ponto de deixar de percebe-lo. A segunda é arriscada e exige atenção e aprendizagem contínuas: tentar saber reconhecer quem e o que, no meio do inferno, não é inferno, e preservá-lo, e abrir espaço".
As cidades invisíveis, de Ítalo Calvino.
Acho que vc quer que façamos do primeiro modo: Aceitemos o inferno e tornemo-nos parte dele.
Desculpa, mas acho que vc escolheu as pessoas erradas p/ defender. Eles não precisam, já tem seus amigos armados até os dentes, os favelados mesmo não tem fuzil.
É a velha estória de ver a história sempre de um lado só, que apenas tem a serventia de criar estereótipos. E o pior: da história contada (e registrada) sempre por quem detém o poder.
ResponderExcluirCada vez mais precisamos ficar atentos às notícias plantadas pelo jornalismo anti ético e 'comprado' que vigora cada vez mais no país (agora mais deacaradamente, mas ainda só perceptível para poucos).
abraços,
Sérgio,
ResponderExcluirO ódio espera. A preguiça se derrama. A gula engorda. A avareza acumula. A luxuria se oferece. O orgulho brilha, só a inveja se esconde...se é que vc me entende...acho que é Chacal.
Voltando ao texto. E compreensível, plausível o que quis expor, esse preconceito com a comunidade, com nossa periferia existe e é latente. É um exemplo dentro de milhares que temos todos os dias, não só na midia, mas na pele, no caminhar do dia-a-dia.
E se tornar alguém para o povo do lado de lá, é possuir...a partir disso, você já não poderia ser a mesma pessoa. Que legal né? Pra quem, é legal????
Não é defesa de pessoas, mas sim de atitude, ação e sentimento e isso quando não se consegue abalar em uma pessoa é bom dimais de se vê!!!!
Quem foi que ordenou que precisa ser feio? aceitar ser feio? não...aqui não.
Precisamos entender nas entre linhas todas as informações e ações que poluem o nosso pensar e nosso pezar.
Eu sei o que acontece do lado de cá, você sabe, muitos sabem. E seu texto, nada mais ajudou a identificar a maneira de conduzir uma informação e de que forma ela está sendo transmitida a nós, contra nós.
Valeu
Vivi
Querido Anônimo,quem acaba com a beleza do Rio,quem constroe muro, para separar condomínios de luxo das casinhas pobres e, também, quem destroi a magnitude de nosso grande Brasil, quem entrega nossas riquezas para as transnacionais, quem mata pai de família do MST, não são, absolutamente, os traficantes do Rio de Janeiro: são os políticos sifilíticos de todo o País, são todos os traficantes de poder, vendedores de sentenças, guardadores de dinheiro na cueca, esses cães raciados dominadores de todas as esferas de poder de nossa bela Nação, estes malufadores dantescos malditos.Digo=lhe,com muito carinho em minha alma de menina=mulher,sendo você negro ou branco, pobre desta ou daquela periferia,com curso superior ou inferior, NUNCA esqueça que você é BRASILEIRO. Sofrido, injustiçado, ROUBADO PELO PODER PÚBLICO, exatamente como todos nós, TODOS, sejamos favelados ou não, brancos ou negros, homens ou mulheres. Mas, ao frequentar um blog como este, você já deu um grande passo para deixar de ser HUMILHADO, OFENDIDO E ROUBADO, assim como todos nós. PS.: Querida Viviane: não se trata de inveja, nem dos outros pecadilhos e, sim, de um enfoque inadequado por parte de nosso querido Anônimo. Uma coisa é certíssima: todos nós, frequentadores deste espaço, DEVEMOS saber discutir qualquer idéia diferente da nossa. Seremos, acima de tudo, TUDO O QUE OS CORRUPTOS NÃO SÃO: unidos e respeitadores, para conosco e com os outros.
ResponderExcluirQuerida menina violentada...
ResponderExcluirDesculpe...mas o meu comentário, foi para quem sabe de uma situação que talvez você desconheça e interpretou de uma forma inadequada.
Tenho claro o que se "trata" e de qualquer coisa "certissima" que venhamos a discutir.
E nós somos unidos e respeitadores.
Obrigada!
Viviane
Olá Sérgio! Felizmente diante de uma mídia que discrimina e impôem uma ideologia excludente, temos a possibilidade de refletir e descontruir noutros espaços alternativos, no caso o seu blog. A mesma palavra que destrói, também tem poder para ROMPER, LIBERTAR, CONSTRUIR, DENUNCIAR.Obrigada, pelas PALAVRAS de DENÚNCIA. Como educadora, a ESPERANÇA ME MOVE, na construção de um mundo mais solidário, igualitário e humano. Distantes geograficamente, mas próximos no sentimento de indignação. Fraterno abraço, da amiga gaúcha Ester.
ResponderExcluirOlá, Viviane. Espero que vc leia meu recado: estamos no mesmo barco: o barco do preconceito, da entrega de nossa Pátria aos estrangeiros, do trabalho escravo e mal pago, da miserável saúde (?) pública...nem preciso dizer mais, não é? Talvez eu tenha entendido errado sua mensagem, desculpe-me, sim? Felizmente, descobrimos portos seguros para ancorar, como este espaço repleto de encanto, grandeza, vida. Viva o Brasil e MORTE AOS CORRUPTOS. Grande beijo, Viviane
ResponderExcluirCaro Sergio Vaz, continuo acompanhando seu blog...Pena não ter visto mais nenhuma menção ao inferno astral vivido pelo Adriano, ex-Flamengo.
ResponderExcluirContinua achando que é preconceito da mídia?
Daniel.
caro sergio vaz, adimiro muito a sua capacidade de pregar uma idéia diferente de tudo o que a mídia tenta colocar e injetar na mente dos brasileiro, acredito na luta pra incentivar a leitura e que todos nós devíamos aderir a essa batalha diaria, aou um fã declarado seu e do gog, porque eu acredito que quando a pessoa tem caráter expõe suas idéias sem medo de retaliação partindo de qualquer que seja o lado párabéns paz!!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirfernando antonio da silva p