Este lugar é mágico! Você entra sem intenções e sai sábio. Aprender com estes poetas é o que me faz crescer e não tem como enumerá-los pois muitos são bons e outros são melhores ainda!
Abraços Comunidade Cooperifa Camila Caetano Sarau da Ademar
Textos6 de Janeiro de 2009 - 9h37 Antônio Carlos Affonso dos Santos: Tarzan dos macacos Toninho nasceu pobre, mas tinha asas. Asas de pássaro e pés no chão. Couro duro, de sol curtido. Cabeça sonhadora de caipira que queria descobrir o mundo. Toninho voou aos treze, até “A Grande Árvore”, a gigante, a maior de toda Pindorama. Queria escrever seu nome, a lápis ou carvão; teve que trabalhar duro para ganhar o pão. Só não ganhou dignidade de ser tratado como igual. Um dia Toninho não sentiu suas asas. Então, deu asas à imaginação. Escreveu toda uma história como metalúrgico e jogador de várzea, já que Guimarães Rosa não podia ser. Toninho se olhou no espelho: um macaco! Chorou: cadê mamãe e papai? Quem vai me tirar desse cipoal? Bateu suas asas de penas poucas, já que de tantas penas sentidas, as havia perdido, com toda a força. Toninho poeta e macaco, de asas caídas, voz de pedra e quatro mãos para tanto trabalho. Cravou seu canto regionalista nas vidraças do mundo colorido da Grande Árvore. Ele, roceiro, serviu de bandeja a carne com vidro moído aos seus algozes, que de vergonha, violas e rastelos não conheciam. Morreram chamando-o de sonhador. Depois, sem asas, só macaco, viajou nas caudas da imaginação, sem bússola. Seu norte, foi a periferia, ou arrabalde, da “Grande Árvore”. Fazia frio na mata, donde brotavam uma profusão de miseráveis novas plantas. Um dia, em sonho de vôo pelo caminho das árvores, sentiu arder o peito; gosto de sangue na boca. Dispararam em seu rosto uma bala sem gosto. Lá na fila do cinema de Osasco, uma envergonhada e tímida menina flor de quinze, aguardava por ele: o “mano” e a “mina” foram ver Tarzan dos Macacos!
A “Grande Árvore” soltou as lianas de seus galhos e o Tarzan, macaco que aos outros imita e caipira, saiu aos berros. Seus gritos, durante os estertores da morte, apregoavam um jeito de ser. A menina que do Toninho gostava, a Mina, sumiu dos sonhos e da vida. A asa nunca mais haveria de crescer. A Grande Árvore não o matou, mas sufocou-o. E o Toninho, que macaco foi na vida, foi tecer manhãs mais formosas ouvindo loas em outro lugar, um bom lugar: no céu!
Este lugar é mágico! Você entra sem intenções e sai sábio. Aprender com estes poetas é o que me faz crescer e não tem como enumerá-los pois muitos são bons e outros são melhores ainda!
ResponderExcluirAbraços Comunidade Cooperifa
Camila Caetano
Sarau da Ademar
Textos6 de Janeiro de 2009 - 9h37
ResponderExcluirAntônio Carlos Affonso dos Santos: Tarzan dos macacos
Toninho nasceu pobre, mas tinha asas. Asas de pássaro e pés no chão. Couro duro, de sol curtido. Cabeça sonhadora de caipira que queria descobrir o mundo.
Toninho voou aos treze, até “A Grande Árvore”, a gigante, a maior de toda Pindorama. Queria escrever seu nome, a lápis ou carvão; teve que trabalhar duro para ganhar o pão. Só não ganhou dignidade de ser tratado como igual. Um dia Toninho não sentiu suas asas. Então, deu asas à imaginação. Escreveu toda uma história como metalúrgico e jogador de várzea, já que Guimarães Rosa não podia ser. Toninho se olhou no espelho: um macaco! Chorou: cadê mamãe e papai? Quem vai me tirar desse cipoal? Bateu suas asas de penas poucas, já que de tantas penas sentidas, as havia perdido, com toda a força. Toninho poeta e macaco, de asas caídas, voz de pedra e quatro mãos para tanto trabalho. Cravou seu canto regionalista nas vidraças do mundo colorido da Grande Árvore. Ele, roceiro, serviu de bandeja a carne com vidro moído aos seus algozes, que de vergonha, violas e rastelos não conheciam. Morreram chamando-o de sonhador. Depois, sem asas, só macaco, viajou nas caudas da imaginação, sem bússola. Seu norte, foi a periferia, ou arrabalde, da “Grande Árvore”. Fazia frio na mata, donde brotavam uma profusão de miseráveis novas plantas. Um dia, em sonho de vôo pelo caminho das árvores, sentiu arder o peito; gosto de sangue na boca. Dispararam em seu rosto uma bala sem gosto. Lá na fila do cinema de Osasco, uma envergonhada e tímida menina flor de quinze, aguardava por ele: o “mano” e a “mina” foram ver Tarzan dos Macacos!
A “Grande Árvore” soltou as lianas de seus galhos e o Tarzan, macaco que aos outros imita e caipira, saiu aos berros. Seus gritos, durante os estertores da morte, apregoavam um jeito de ser. A menina que do Toninho gostava, a Mina, sumiu dos sonhos e da vida. A asa nunca mais haveria de crescer. A Grande Árvore não o matou, mas sufocou-o. E o Toninho, que macaco foi na vida, foi tecer manhãs mais formosas ouvindo loas em outro lugar, um bom lugar: no céu!
Olá, Sergio Vaz e pessoal da Cooperifa.
ResponderExcluirSou produtor do Salão de Livros de Guarulhos e gostaria de convidá-los para o evento.
Por favor, entrem em contato.
Abs,
Luís Indriunas
indriunas@uol.com.br