sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Um texto do novo livro

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O Inferno somos nós - Sérgio Vaz
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No último dia 2 de abril, segunda-feira, uma bala perdida encontrou mais uma criança em seu caminho, e para a nossa tristeza, a pequena Jenifer, de apenas três anos de idade, não resistiu ao ferimento e faleceu na sexta-feira, em Itapecerica da Serra.
Nesse mesmo dia, essas mesmas balas perdidas vitimaram outras duas crianças no estado de São Paulo. Que saudades das balas Juquinha...
Sabe quem está matando essas crianças? Somos nós, Os tais pagadores de impostos. A tal civilização do século vinte um. Nós, os seguidores de cristo, que as tratamos como pequenos demônios.
A tal turma do bem que liga para um número 0800 do criança esperança e transfere a responsabilidade para um rede de televisão. Aliás, Deus vê tv?
A sociedade como um todo aperta esse gatilho e tem o sangue delas nas mãos. O cheiro da pólvora infesta nossas narinas e nos comportamos como quem não tem nada a ver com isso. O nosso silêncio é co-autor desses crimes, e não importa a veracidade dos nossos álibis.
Jenifer poderia ser bailarina, médica, engenheira, dentista ou simplesmente ter um futuro, mas por conta do nosso instinto homicida, ela é apenas um número de estatística... um triste número de estatística.
Um número no atestado de óbito. Um número na placa do cemitério. E a não ser pela família, um número para ser esquecido.
Pelo que sei a mãe era catadora de papel, talvez por isso não houve nenhuma passeata pela paz, no parque do Ibirapuera. Parece clichê, mas não é, a carne do pobre é a mais barata do mercado.
Dizem que o homem é a imagem e semelhança de deus, se isso é mesmo verdade tenho até medo de pensar como é o inferno.
O filósofo frances Jean Paul Sartre dizia que "o inferno são os outros", que nada, o inferno somos nós.
Ao diabo essa tal raça humana.
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Texto escrito abril/2009

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