domingo, 14 de fevereiro de 2010

Carnaval 2010

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Sambódromo 2010

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UNIDOS DA PEDRA DO REINO - SÉRGIO VAZ
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Pois é povo lindo e inteligente deste país, depois de mais um ano de espera ,até que enfim é Carnaval. Dizem alguns que no país o ano só começa depois das folias de Momo. Para alguns eu acho que sim, para outros acho que o ano nunca começa como devia ter começado.
Mas enfim, como a vida sempre desafina, são aqueles que seguram as cordas é que mantem os trios életricos nos trilhos.
O Carnaval é o Prozac do país, por onde quer que você olhe as pessoas estão felizes. Ou parecem que estão. Sei lá, deixa a cuíca roncar, não quero atravessar o samba de ninguém, só queria entender o refrão.
Nunca fui um folião do tipo confete e serpentina, ou Pierrot diante de qualquer Colombina, o samba nunca esteve ou passou pelos meus pés, sambando estou mais para o robocop.
Passista frustado, as minhas fantasias coloco na vida real.
Sem brilho nenhum, nunca tirei dez em nenhum quesito qualquer, mas apesar da falta de ginga, como quase todo brasileiro, também gosto de Carnaval.
Pena eu não ser uma cria da avenida como realmente gostaria de ser. Queria que cada veia minha fosse uma corda de cavaquinho, e mesmo sem saber batucar em caixa de fósforo, já quis ser mestre de bateria e atear fogo no ouvido da multidão. Mas tenho que admitir que estou muito mais para quarta-feira de cinzas do que praça da apoteóse.
O Carnaval é quando o povo decreta a felicidade, nem que seja apenas, por quatro míseros dias.
Falando em escolas de samba -essa beleza fantástica criada pelas mãos calejadas e abençoadas pelo suor do povo brasileiro-, parece que elas saíram das aventuras do livro de Ariano Suassuna “A pedra do reino", e os seus personagens parece que foram escritos especialmente pela alas dos compositores Mário Quintana do cavaco, Manoel de Barros do pandeiro e Eduardo Galeano do morro da poesia.
Se liga nos nomes que atravessam a avenida com uma caneta atravessa o papel: pavilhão, mestre-sala e porta-bandeira, ala das baianas, harmonia, evolução, mestre de bateria, rainhas e princesas, carro alegórico, tamborim, alegoria, abre-alas, comissão de frente, velha-guarda, e por aí segue o poema.
Essas palavras, todas elas, rimam com gente simples, que é um outro poema bonito de se ler.
Por ter sido sempre da ala da melancolia, o carnaval soa pra mim como um velho samba antigo na voz triste do mestre Cartola, e o meu coração, esse puxador de samba da memória, mais parece um velho palhaço perdido no meio do salão.
Nesse mundão velho e fora de ritmo, o povo brasileiro é o único que consegue transformar sofrimento em festa, sem usurpar a alegria de ninguém.
E com o suor pisado no rosto e o sangue escorrendo nos pés, a gente entoa um mantra do Jair Rodrigues como se implorasse aos céus:
“... tristeeeeza por favor vai embora.”
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10 comentários:

  1. reflexão em tom maior, imperial, viva o imperio das perolas negras - BRASIL !

    magrão.

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  2. Salve Vaz!!! Como tambem nao sei sambar fico infurnado dentro do concreto e finjo que as coisas estao indo bem camarada...mais o que vale mesmo 'e o sorriso deste povo que sofre o ano todo.....viva o carnaval e nossos politicos que devem agora estar organizando suas festas com serpentinas de R$.

    Fernando Sarau Vila Fundao

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  3. Que texto bonito. Vc exprimiu tudo que eu sempre senti em relação ao Carnaval. E graças a Deus que a folia do Momo está no fim !
    bjo

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  4. Que crônica mais linda, Poeta Sérgio Vaz! Só mesmo você poderia usar esta imagem incrível:
    "Queria que cada veia minha fosse uma corda de cavaquinho"!
    Abraços.

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  5. "Por ter sido sempre da ala da melancolia, o carnaval soa pra mim como um velho samba antigo na voz triste do mestre Cartola, e o meu coração, esse puxador de samba da memória, mais parece um velho palhaço perdido no meio do salão." Pode ser na voz de Candeia tb, mas é exatamente oq sinto...a poesia faz agente ler oq só se sente. Lindo!

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  6. Entre um clic e outro da televisão, carnaval em quase todos os canais, me deparo com Sergio vaz na rede globo. Pude dormir feliz vendo um dos nossos num carnaval que não é mais tão nosso!

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  7. Djeilson,

    pode crer mano! A leci também representa grandão
    na humilde, é nóis aqui, ali e acolá. Mas sempre com os pés no chão.

    abs.

    vaz

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  8. Olá Sérgio!
    Na praia ( Mongaguá), quem eu encontrava da quebraba, vinham me dizer de sua aparecição e do Grupo Samba da Hora! Que louco!.... relembrei do Carnaval em Peruíbe,senão me engano foi nos meados dos anos noventa, tenho fotos para provar, vc na roda de samba tocando ou melhor tentando tocar sei lá que instrumento, (que não me vem a mente agora) com os meninos do grupo, pena que perdi as entrevistas, mas fiquei muito feliz em saber que o leque da Cooperifa se abre cada vez mais, e com muita dignidade!
    Bjs!

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