segunda-feira, 19 de novembro de 2012

PAZ NA PERIFERIA





PAZ NA PERIFERIA

Se homicídio fosse esporte olímpico, São Paulo ganharia medalha de ouro. Mas como não é, ficamos nós com as medalhas de sangue e de lágrimas. E pra mim, nenhuma vida vale mais do que a outra, porque quem morre, deixa mais do que saudade, deixa família, filhos, lembranças... O homicídio é um crime extremamente deselegante.
É assustador tudo que está acontecendo na periferia paulistana, é como se voltássemos ao final dos anos 80 e início dos anos 90, onde todos tinham medo de sairmos às ruas e sermos executados pelo simples fato de existirmos.
Pois é, esses dias estão de volta. O medo e a morte tomaram conta das ruas.
A chacina é uma viagem que te leva mesmo você não tendo passagem.
Não vejo outra forma de combater o crime, que não a educação pública de qualidade.
Nós abandonamos as crianças, os professores e o ensino público, agora estamos com o cu na mão com medo dos adultos.
As Escolas públicas estão parecendo privadas, e só agora essa sociedade hipócrita está sentindo o cheiro, através desses crimes bárbaros de jovens que sangram nas calçadas quando deviam estar suando nos bancos das universidades. Ah!, É contra as cotas raciais, né? Se quiserem podemos reservar uma cota de violência pra vocês. É, essa violência que vocês vem nos jornais, e nós, ao abrirmos as janelas... E desde sempre.
Muitas vezes o resultado de ensino de qualidade mínima é presídio de segurança máxima.
Podem mandar tanques de guerras, aviões da FAB, invadirem favelas, matarem todos nós nas esquinas escuras da periferia, porque se não investirem na educação, vão ter que continuar matando, matando, matando... porque vocês já sabem quem morre: nós os brasileiros pobres e pretos.
As pessoas pedem a redução da maioridade penal, eu quero o aumento da maioridade educacional.
Chega de convites para enterros e visita em presídios, quero convite para assistir formaturas.
Viver, ainda que doa, é melhor do que deixar saudades, porque nenhuma vida é maior e vale mais que a outra. Ela tem o mesmo valor tanto para o Elefante como para a formiguinha.

No silêncio da noite, um grito. No grito da noite, o silêncio.

Se puderem, tenham paz.

Sergio Vaz
poeta

Um comentário:

  1. E vi aqueles olhos tristes

    E de tão tristes tornavam-se fortes

    E vi o que fizeram com eles

    E de tanto fazerem, quase os mataram

    E vi aqueles olhos tão vivos

    E de tanta vida não puderam vencê-los

    E vi aqueles olhos

    E de tanto vê-los eles também me viram

    E quando me viram suplicaram por socorro

    E quando vi suas súplicas, com medo, fechei meus olhos

    E ao fechá-los deixei de ver aqueles olhos tristes

    Deixei de ver aqueles olhos fortes

    Deixei de ver aqueles olhos vivos

    M.M.M.

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