quarta-feira, 31 de outubro de 2012

UM SONHO


UM SONHO

Ontem eu sonhei o teu sonho.

Sonhei que os soldados,
cantando e dançando,
libertando-se de todo mal,
surgiam de todos os lugares
para velar o funeral
de todo arsenal

das ogivas nucleares.

No sonho,
os homens não eram escravos
nem de si, nem dos outros,
tampouco das cores,
pois o dinheiro
havia sido morto
no combate com o amor.

As crianças,
cravo e canela,
dançavam com as flores,
como não tinham fome
caçavam estrelas
e quando cansadas
tornavam-se nelas!

Sonhei
que as mulheres e os homens
não tinham coisas, mas sentimentos,
e em sinal de alegria,
plantavam suas orações
não de mãos espalmadas,
mas de braços dados
com o milagre do dia.

E Deus - todo pequeno gesto de amor -
não frequentava igrejas,
livros ou estátuas,
apenas corações…

Ontem,
sonhei o teu sonho
sem saber que também era o meu.

SERGIO VAZ

*do livro "Colecionador de pedras" Global Editora

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