sábado, 13 de agosto de 2011

"Existe uma cena literária na periferia do Brasil?

Povo lindo, povo inteligente,


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Um júri de escritores da periferia vai escolher as duas melhores respostas e a promoção só é válida quando atingir 100 comentários.


Bora opinar?


Sergio Vaz




Literatura, pão e poesia - Sergio Vaz






A literatura na periferia não tem descanso, a cada dia chega mais livros. A cada dia chega mais escritores, e, por conseqüência disso, mais leitores. Só os cegos não querem enxergar este movimento que cresce a olho nu, neste início de século. Só os surdos não querem ouvir o coração deste povo lindo e inteligente zabumbando de amor pela poesia. Só os mudos, sempre eles, não dizem nada. Esses, custam a acreditar.


Não quero nem falar dos saraus que estão acontecendo aos montes, pelas quebradas de São Paulo. Isto me tomaria muito tempo. Haja visto as dezenas de encontros literários, pipocando nas noites paulistanas. Cada qual do seu jeito, cada qual com seu tema, cada qual a sua maneira de cortejar as palavras.


Mas eu quero falar mesmo e da poesia que se espalhou feito um vírus no cérebro dos homens e mulheres da periferia. Pois é, essa mesma poesia que há tempos era tratada como uma dama pelos intelectuais, hoje vive se esfregando pelos cantos dos subúrbios à procura de novas emoções.


O Tal poema, que desfilava pela academia, de terno e gravata, proferindo palavras de alto calão para platéias desanimadas, hoje, anda sem camisa, feito moleque pelos terreiros, comendo miudinho na mão da mulherada.


Vocês, por acaso, já ouviram falar do tal poema concreto? Pois é, os trabalhadores e desempregados estão construindo bibliotecas com eles, nas favelas. E o lobo mau pode assoprar que não derruba. Apesar da pouca roupa que lhe deram está se sentindo todo importante com sua nova utilidade.


A periferia nunca esteve tão violenta, pelas manhãs é comum ver, nos ônibus, homens e mulheres segurando armas de até 400 páginas. Jovens traficando contos, adultos, romances. Os mais desesperados, cheirando crônicas sem parar. Outro dia um cara enrolou um soneto bem na frente da minha filha. Dei-lhe um acróstico bem forte na cara. Ficou com a rima quebrada por uma semana.


A criançada está muito louca de história infantil. Umas já estão tão viciadas, que, apesar de tudo e de todos, querem ir para as universidades. Viu, quem mandou esconder ela da gente, agora a gente quer tudo de uma vez!


Dizem por aí que alguns sábios não estão gostando nada de ver a palavra bonita beijando gente feia. Mas neste país de pele e osso, quem é o sábio ? Quem é o feio? E olha que a gente nem queria o café da manhã, só um pedaço de pão. Que comam brioches!


Não, não é Alice no país da maravilha, mas também não é o inferno de Dante.


É só o milagre da poesia.

7 comentários:

  1. existe concerteza !! uma Revolução literaria na periferia ! Só quem é conhece #fato

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  2. Meu Deus das poesias cresce sem parar até aquele que não gostava de falar foi preso pela Poesia e agora declama em saraus...
    A literatura tomou de assalto minha alma que é a coisa mais importante que mantemos em ação em vida.

    Salve a poesia

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  3. Já faz um tempo que estou acompanhando a arte construída nas periferias do Brasil, e a literatura não está de fora dessa forma de expressar os sentimentos. Há tempos através da extinta revista Rap Brasil já era possível encontrarmos as publicações dos autores periféricos, trazendo a identidade que tanto buscamos, desde quando fomos arrancados dos braços da nossa mãe África. Sérgio Vaz, Buzo, Ferréz, Luiz Mendes, Sacolinha, Preto Ghóez já nós faziam encontrar os caminhos para realmente sabermos quem somos, através de seus versos, contos e crônicas... Sem dúvida hoje a periferia fala, canta, grita e escreve se espalhando pelos Saraus que movimentam todas as gerações marginalizadas, que a cada mês são lançados livros e livros, com a nossa cara, muito longe dos padrões acadêmicos (os quais disputam prêmios de status na mídia), pois a produção literária nas periferias brasileiras tem o seu prêmio maior, fazer com que todos são livres pra se expressar e buscar a sua identidade.
    PRODUÇÃO LITERARIA NAS PERIFERIAS DO BRASIL É FOGO NO PAVIO!

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  4. Sim, existe.Afirmo que não há só uma cena literária, mas um ambiente em que se vive realmente a literatura. Pois, a periferia no século XXI deu a literatura um nova cara, ao assinar sua identidade enquanto escritor, leitor e sujeito.Ao trazer para alimentar o povo o que lhe negaram desde os seus antepassados o conhecimento, através dos sarais criando todo um ambiente receptivo para a literatura, interagindo , obra, escritor, povo, livro, saber, onde se discute e vive a poesia. Possibilitando através do rompimento que se faz do acesso a poesia, com que a literatura deixe de ser um objeto que fica nas estantes como vitrine e passe a ser um objeto vivo, circulando na mão das pessoas, sendo parte da vida delas. A poesia, a leitura, e a literatura passou a ter um visão mais ampla diante da vida e da transformação do ser humano enquanto ser social, se vendo agora numa literatura sua, através da produção intelectual promovendo e possibilitando o acesso a cultura.
    A cena literária da periferia se expandiu localmente e invadiu a sociedade com sua produção, atingindo as pessoas, escolas, casas, rompeu os muros e escancarou os pensamentos ao mostrar que os acadêmicos podem até se utilizar dos argumentos para falar do dialetos usados na escrita pela influencia da oralidade, mas não podem negar o conteúdo, a memória, e a forma como é narrada e construída a poesia , a prosa, o conto, a crônica , nela a multiplicidade de temas, as possibilidades de discussão, trazendo vivo o que as palavras guardam o sentimento. Posto agora na alma do povo.
    Não consigo enxergar a literatura hoje sem a Literatura Periférica/ Marginal, porque é uma produção que escreve diferente de tudo que é produzido principalmente na contemporaneidade, é um sentimento vivo com a poesia, com a crônica, com a prosa , de um jeito rápido e provocante ao leitor, fazendo com que este seja também parte da cena, do conhecimento partilhado, do ambiente em que se vive a literatura unindo a ela não mais uma sala vazia e uma boa iluminação, mas sim pessoas que nos sarais vão saudar e matar sua fome de poesia.
    A literatura periférica mudou a cara da periferia e a cena da literatura no Brasil, expandido e comungando a obra literária seja ela escrita por quem for, não se olha o nome, mas o que se escreve, pois o que importa é a poesia. E é por isso que vem ocorrendo a revolução do conhecimento, do acesso, do poder da palavra e do sentido que esta tem nas nossas vidas.
    É a literatura. É a poesia. Ouvindo a voz do povo. É o pão que faltava na boca do povo, e este agora se alimenta, sem que lhe roubem a comida.


    Jacqueline Nogueira
    email:jacqueline-nogueira@hotmail.com

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  5. é magnífico ver um movimento tão intenso de literatura nas periferias, qd até os "mais esclarecidos" estão tentando anunciar o fim da escrita. A resistência se faz tanto na aquisição de literatura por parte de quem nunca teve acesso qt na própria arte de 'literar', ou seja, resistir ao turbilhão de imagens chamados hj de nova tendência... revolução literária! que venha o milagre das ruas poéticas!

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  6. Não precisa saber escrever, nem ser culto demais pra fazer poesia, quase todo ser humano é um poeta, mas nem todos sabem disso. Principalmente os moradores das periferias brasileiras, que vivem numa luta constante, dia após dia resistindo as barreiras dessa vida que exclui, ingrata. Isso sensibiliza e comove, faz com que sejamos intensos, e poeta bom é a flor da pele. O verdadeiro poeta transforma a realidade apenas a interpretando com outro olhar. O morador da periferia sabe muito bem como fazer isso, manter os pés no chão, e nunca deixar de sonhar. Não é necessário passar o verso pro papel, ele vai existindo conforme vamos agindo. A literatura da periferia é invisível, está dentro de cada coração que conserva a bondade e a compaixão. Quando essa literatura linda, e abstrata, vai pro papel, que maravilha que sai! A literatura da periferia é forte, é impactante, é sincera. Por isso que eu afirmo: a literatura, tem, e SEMPRE terá espaço dentro da periferia brasileira, pois o talento e capacidade dos moradores da periferia sempre existiu, e nunca deixará de existir, porém sempre foi negligenciado, mas isso não importa, estamos habituados com isso. Nossa literatura é bela, e vem da zona periférica, podem tentar abafar esse movimento, mas algum dia tudo vem a tona, e esses poetas terão o valor que merecem de fato! E na minha opinião, felizmente, esse processo de reconhecimento já está acontecendo, um exemplo disso é o que estamos fazendo agora. Paz!

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  7. OS SARAUS REALIZADOS NAS PERIFERIAS AFORA TEM UMA FORÇA DEVASTADORA, É UM TSUNAMI CULTURAL ARRASTANDO CIDADES DE HIPOCRISIA E OBSCURANTISMO EDUCACIONAL! É A REVOLUÇÃO EM ANDAMENTO (EVOLUÇÃO), DE UM POVO QUE VIVIA UM CERTO AZEDUME E QUE HOJE A POESIA ESTÁ ADOCICANDO UM POUCO A VIDA TÃO SOFRIDA, TÃO DIFICULTOSA, HÁ ANOS ATRAS ESCREVI UMA MÚSICA QUE SE CHAMAVA "A MAGIA DA POESIA", EU NEM SABIA AO CERTO O QUE SERIA TUDO ISSO, MAS AGORA ENTENDO O QUE É ESSA TAL MAGIA DA POESIA A QUAL VIVENCIAMOS, NA CERTA JAMAIS CONSEGUIRIA TRANSCREVER ISSO EM ALGUMA MÚSICA, OU POEMA E SIM VIVER ESSA MAGIA, ESSA TRANSFORMAÇÃO! SALVE GERAL, POESIA, O ELIXIR DA VIDA DA PERIFERIA!

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