domingo, 28 de agosto de 2011

PALMEIRAS 97 ANOS DE GLÓRIAS!

Gol de letra - Sergio Vaz
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Outro dia fui assisitr o último jogo do Palmeiras no estádio Palestra Itália, que vai ser demolido depois de 91 anos de história. Estádio de futebol todo mundo sabe, independente do time que torça, parece um coração batendo, ou, em muitos casos, apanhando. É um lugar para sorrir e chorar.
Sou palmeirense, e o Parque Antártica tem muito a ver com a minha história. Durante muito tempo sonhei em jogar ali. E sonho de criança todo mundo sabe, é uma partida que não termina nunca.
Futebol é e sempre foi a minha paixão, assim como os livros, como a poesia. Quem gosta sabe, cada partida é um capítulo diferente, os personagens parecem que sempre são os mesmos, mas não são, e ninguém, quase nunca, sabe o final.
Lembro até hoje a primeira vez que fui assistir a um jogo no estádio. Acostumado com a terra vermelha impressa nos campinhos de terra da minha rua, a grama verde quase me cegou. Nunca tinha visto tanta gente em minha vida, aliás, meu mundo era tão pequeno que não sabia que existiam outras pessoas em outros bairros.
Pra falar bem a verdade, de tão pequeno meu mundo cabia dentro de uma bola de gude, e achava que o planeta se chamava Terra porque todas as ruas não tinham asfalto.
Nesse dia todos gritavam ao mesmo tempo, mas não era difícil ouvir a torcida do meu coraçãozinho abafando o barulho da multidão, e parecia que ele queria sair pela boca. Aliás, se ele saísse pela boca, eu matava no peito fazia duas embaixadinhas e chutava pra dentro do campo, e corria pra galera. Recuando a bola ao passado, até parece que fiz isso mesmo, pois ele nunca mais saiu de lá.
Houve um tempo, em que o dinheiro driblava mais que o Edu bala, os estádios cabiam dentro do ouvido, e para quem não sabe, o radinho de pilha que hoje joga no "E. C. Veterano da memória", foi os olhos de muita gente. E só mesmo José silvério e Fiori Giglioti eram capazes de fazer a gente assisitr um espetáculo sem mesmo estar presente. E só mesmo quem ama é capaz de enxergar o que não vê.
Falando em amor, alguns jogadores como Ademir da Guia, Jorge Mendonça e Evair eram poetas que escreviam poemas com os pés, e depois de cada jogo, independente do resultado, a poesia estava ali, impressa, cada verso, cada estrofe, em nossas retinas tão maltratada pela aspereza da vida.
E sem querer ofender o Deus de ninguém, esses anjos encardidos já fizeram cada milagre...
É por isso que muita gente confunde esse esporte com religião. Por um gol salvador nos acréscimos, até um ateu é capaz de ajoelhar.
Amo futebol porque lembra a minha infância: o zagueiro entra de carrinho e o centroavante faz gol de bicicleta. Só quem não sabe pedalar não consegue entender.
O Brasil não é desigual porque as pessoas gostam deste esporte, ele é injusto porque a minoria não respeita o grito (não importa o time que você torça) que vem da arquibancada e isto sim é jogo violento. É falta, é penalti, mas o bandeira nunca vê e o juíz nunca marca.
Se queremos virar o jogo temos que entender: para quem não sabe ler, o futebol é letra. E se quem sabe, ensina quem não sabe, é craque, aí é gol de letra.
Obrigado Palmeiras!

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