quarta-feira, 6 de abril de 2011

POESIA SEMPRE

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ORNITORRINCO

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JamiltonNasceu no Pará

Numa usina de carvão.

Como o pai, seu Vavá,

Também começou aos seis

Com uma pá na mão. .

Cresceu sem vitaminas

Cheirando fumaça

E inalando dioxinas. .

A brasa

Queima os sonhos

A pele

Os pés

E as mãos.

Só não queima

O catarro preto

Que sai do pulmão. .

Aos onze,

Doente e mutilado

Depois de tanto trabalhar,

O menino churrasco,

Por invalidez,

Vai se aposentar. .

Carne de segunda,

Este bicho,

Não tem pêlo

Não tem pena

Só osso. .

Os dedos,

Unidos pelo fogo,

Parecem uma pata.. Também pudera

Ele é filho

De um animal estranho: gente. .

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Sérgio Vaz

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*do livro "Colecionador de pedras" Global Editora

3 comentários:

  1. mão de obra descartavel

    nada mais, nada menos

    belo poema mano

    Abrç

    ...

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  2. um lindo poema.. valeu sergio.. quero que saibas.. que estou proximo de lançar meu 1 livro muito inspirado na minha visita quando eu fui na coorperifa em 2008 com o gog eo jairo e b negão, deu uma olhada no meu blog.. um abraço
    www.daabaixada.blogspot.com

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  3. palavras belas e com grande sentido ,que nos fazem pensar e refletir ! e as vezes nem dormirmos direito, nos preocupamos com coisas bobas e coisas de grande importancia passam bem a frente de nossos olhos ...ae Sergio Vaz , Parabéns

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