sexta-feira, 19 de novembro de 2010

HOMENAGEM A JOÃO CÂNDIDO - A CHIBATA DA REVOLTA

João Cândido (a chibata da revolta)

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João

Nasceu Candido,

Mas de Candido não tinha nada.

Seu corpo

Teve a benção do sul

O coração,

Sobre o mar azul,

Veio da África.

Ainda moleque

Descobriu que era galo de rinha

O negrinho sem breque

Sem vento e sem leque

Teve aos seus pés, a marinha.

No barco da morte

Encontrou o destino dos pais

Um tronco no sul

Outro no norte,

Assim era o Bahia

E o navio Minas Gerais.

Era chicote no almoço

Açoite na janta

Os negros no calabouço

Os brancos por cima da prancha.

Mas nem toda dor é perene

Ou se vai com as marés,

A mão negra

Conspirou contra o leme

E a revolta surgiu do convés.

Ao som das trombetas

Os marujos de baionetas

Tomaram os cascos

Onde era servidos água com pão.

Onde rugia o som do carrasco

E grito de capitão

Nesse dia só se ouvia,

a voz do porão.

O rufar dos tambores

De couro e de lata

De todas as dores

Por todas as datas,

Ao som de canhão

Ou em doce serenata,

Vão contar a história de João

Um negro almirante

Que ultrajou a chibata.

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Sérgio Vaz

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