terça-feira, 2 de agosto de 2011

LITERATURA, PÃO E POESIA






Ilustração: Theo Szczepanski




A FINA FLOR DA MALANDRAGEM - SERGIO VAZ



Duzão é piloto, e o que dá fuga à essa malandragem. Na madrugada, a bordo de um Mercedes, dirige certos por vias tortas.


Aninha já passou o ferro em várias madames, dizem por aí que pra mais de vinte.

Cabeção tem olhar de rapina e um iceberg no coração, quando entra no banco já vai direto no caixa.

Colorau não age na quebrada, gosta de fazer mansão.

Lu ganha a vida distribuindo suas ideias através de um pó branco comprimido, a molecada fica alucinada. Nada contra quem mexe, mas ela nunca meteu a mão no pó dos outros.

Vavá não pode ver carro parado, que leva; se não der na chave, leva nas costas.

Lourival mete o cano desde criança, o pai se virava no alicate, e nunca teve medo de cerca elétrica.

Como teve problemas de berço, Mariana pega o filho dos outros e devolve por uma quantia mínima.

Julião põe medo em muita gente, também pudera, já enterrou vários com uma pá na mão.

Salete limpou a casa de Sonia, quem deu a fita foi a Rose, que se bobear limpa até as casas dos parentes.

Marcio resgatou Sales da cadeia, e saiu do presídio pela porta da frente, ninguém fez nada.

Elizabeth quase não ri, é uma espécie de gerente da boca, na rua dizem que ela é a patroa.

Nego Jan vende tudo que pega: relógio, TV, DVD, eletrodomésticos em geral, carro, moto, corrente de ouro, roupa de marca, e demais mercadorias. Sua lábia é mais afiada que lâmina de gigolô.

Cocão tem problemas com a injustiça e está no semiaberto, passa o dia na oficina e à noite dorme no 3º andar. Quando pode, Guida e preto Will, parceiros de caminhada, o visitam no domingo.

Luciana não tem medo de sangue, já ajudou a cortar vários desconhecidos, muitos cagam de medo de morrer na mão dela.

Casulo não tem medo de nada, já passou o revólver até no carro da polícia.

As pessoas acima são suspeitas de ter a coragem de trabalhar, e enfrentar o dia a dia com a dignidade que só o sofrimento ensina. E por mais simples que sejam, nunca se evadiram da responsabilidade de lutar.

A malandragem fica por conta de quem lê.

2 comentários:

  1. Lindo Blog... amei tudo por aqui... estou seguindo!!! Faça-me uma visitinha tbm... seria uma honra!

    Abraço no coração e muita poesia!

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  2. Sérgio, sujeito raro mano... e olha que talvez ao longo da vida eu disse isso no máximo 2 vezes... sinceridade irmão, força nessa "sua" batalha.

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